sábado, 24 de julho de 2010

Se

Se eu soubesse que não mais te veria 
Que as minhas mãos nunca mais tocariam as tuas 
Nem o nosso corpo seria mais um do outro 
Teria sido menos doloroso 

Se eu soubesse que o nosso caminho não mais se cruzaria 
Nem os meus lábios sentiriam os teus 
Teria sido menos doloroso 

Em busca de todos os porquês que não serão ditos 
As lágrimas caem salgadas pelo meu rosto em dor 
Sinto que muito ficou por ser 
Tanto de nós ficou simplesmente preso nos muros desse mesmo orgulho que nos imobilizou 
Trouxe um silêncio que mói 
Que dói 
Se eu soubesse que o destino nós traria tão pouco 
Teria sido menos doloroso 

Guardo no meu intimo os segundos que passamos 
As vezes que trocamos olhares 
Ou quando nos vimos pela primeira vez. 
Lembro com saudades as conversas infinitamente aguardadas 
Que na neblina da noite duravam ate a aurora sem fim. 
De tudo o que partilhávamos, 
Era só nosso… 
Como amantes escondidos fomos inteiros 
Sem máculas nem dúvidas 
Sedentos de paixão 
Tínhamos o mundo 
Sem nos apercebermos 

Se eu soubesse que iria sentir a tua ausência 
Teria sido menos doloroso 

Alados através da euforia dos outros 
Dos contrastes e das palavras do vento 
Deixamos que o laço que nos unia fosse ferido 
Que o rasgar do pano nos tornasse meros famosos 
Não mais vimos o raiar do sol juntos 
Nem tão pouco o nosso canto tocou pela última vez 
O mesmo tempo que nos aconselhou a sentir em uníssono 
Já mostra cansaço 

O castigo de não nos termos mais deixa – nos reféns 
Dum medo sem rumo. 
É um velho musgo que enfraquece para um futuro que precisa de ser afortunado 
Precisa de ser forte e frágil 
E começar de novo 

Se eu soubesse que as minhas cartas seriam juras sem retorno 
Teria sido menos doloroso 

Amo – te 


Ana luísa Pombares

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